A Marujada é encontrada, principalmente, nas regiões Norte e Nordeste do Brasil. Chegança de Marujos, Chegança de Mouros, Barca, Nau Catarineta, Fandango ou Chegança, simplesmente.
É um espetáculo em que são recitados e cantados textos, fragmentos de velhos romances portugueses e outras músicas tradicionais variadas.
Em cada região, a Marujada ganha características específicas. O modo como são constituídos os grupos e o jeito de se apresentar variam. Em alguns lugares há somente grupos de mulheres. Em outros de homens.
Auto ou folguedo popular, leva o espectador para o universo das grandes navegações dos séculos XV, XVI e XVII. Lançados ao mar, os homens da época criaram novos gêneros literários – como os relatos de naufrágios -, e novas canções, danças e dramas que se espalharam pelos novos mundos.
Estudiosos do assunto, como Mário de Andrade, acreditam que as marujadas, apesar de vinculadas ao imaginário das navegações européias, teriam sido inventadas no Brasil.
Acredita-se que poetas locais escreveram em folhetos (os também chamados “foiêtes”) boa parte das histórias que foram coladas e sequenciadas em uma longa encenação. As músicas e danças vieram dos europeus e de negros e índios; músicas e danças rituais, coletivas.
Tais navegações viabilizaram a expansão colonial de países europeus por novos continentes e proporcionaram o encontro de povos e as novas civilizações.
Talvez as Marujadas sejam mesmo uma expressão desses encontros.
TEATRO EMBARCADO: Pesquisas recentes (Teatro a bordo de naus portuguesas nos séculos XV, XVI, XVII e XVIII, Ed. Nórdica, 2000) do historiador Carlos Francisco Moura revelam que as embarcações portuguesas, que se aventuravam pelo “mar tenebroso”, costumavam ser usadas também como palco para festas lúdicas e religiosas, como procissões em dias santos e batucadas para comemorar o fim de angustiantes tempestades.
Fontes: Josias Pires (Texto Completo) e Suzana Alice Marcelino Cardoso