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Tecendo Redes

Durante os meses de janeiro e fevereiro, as Cheganças, Marujadas e Lutas de Mouros e Cristãos vão às ruas em 14 cidades da Bahia, respeitando todo o protocolo de proteção contra a Covid-19.

No 31 de dezembro aconteceu a tradicional saída da Marujada de Curaçá. Nesse final de semana, dia 9, é o momento de Jacobina, na Praça da Missão. Já no domingo, dia 10, a Chegança de Cairu alegra seu povo e a Marujada da Chegança se apresenta em Bom Jesus da Lapa.

Nas próximas semanas acontecerão as apresentações da Marujada do Mangal (Sítio do Mato), Lutas entre Mouros e Cristãos (Caravelas, Prado e Alcobaça), Marujada de São Benedito (Paratinga), Chegança de Mouros de Taperoá, Marujada do Divino Espírito Santo (Andaraí), Marujada Barcas em Rios (Lençóis) e a Marujada de São Benedito, também do Prado.

Esse ano, as apresentações acontecem no contexto do Projeto Tecendo Redes com o apoio financeiro do Estado da Bahia por meio da Secretaria de Cultura e do Instituto do Patrimônio Artístico Cultural –IPAC (Programa Aldir Blanc Bahia) via Lei Aldir Blanc, direcionada pela Secretaria Especial da Cultura do Ministério do Turismo, Governo Federal.

As Cheganças, Marujadas e Luta de Mouros e Cristãos são inscritas no Livro de Registro Especial de Expressões Lúdicas e Artísticas da Bahia. Isso as torna Patrimônio Imaterial da Bahia.

O Projeto Tecendo Redes busca valorizar e celebrar esse patrimônio que faz parte da vida de seus integrantes há muitas gerações. As ações do projeto colaboram também para a promoção, divulgação e valorização dos grupos junto ao público mais amplo, local, nacional ou internacional.

VII Encontro de Cheganças, Marujadas e Embaixadas da Bahia

 

Um barco que é feito de canto

Seu leme é pandeiro

Seu mar é teu pranto

Navega nas águas da saudade

Ancestralidade

Nos Rios e Mares da Eternidade.

Jarbas Farias

Associação Chegança dos Marujos Fragata Brasileira realizou no ano de 2013 o I Encontro de Cheganças da Bahia na cidade de Saubara no Recôncavo da Bahia. Na ocasião da realização deste encontro todos os membros participantes decidiram por um encaminhamento do pedido de reconhecimento das Cheganças e Marujadas como Patrimônio Cultural do Estado. Este encontro que contou com a participação de oito grupos, além de representações de Universidades Públicas, Pesquisadores, Representantes de órgãos do governo Municipais, Estadual e Federal. Encaminhamos a solicitação para o IPAC no mesmo ano e durante os anos seguintes diversas ações foram realizadas em prol do reconhecimento dentre elas, destaco a realização dos encontros estaduais, que em 2019 está em sua sétima edição.

 Em 2018 realizamos o inventário dos grupos existentes na Bahia um ano  percorrendo os mais distantes lugares na busca de informações sobre essas manifestações foram 14 municípios como (Caravelas, Alcobaça, Prado, Camaçari, Saubara, Jacobina, Taperoá, Cairu, Andaraí, Lençóis, Bom Jesus da Lapa, Sítio do Mato, Paratinga e Curaçá) que se distribuem 8 territórios de identidade (Extremo Sul, Região Metropolitana de Salvador, Recôncavo, Piemonte da Diamantina, Baixo Sul, Chapada Diamantina, Velho Chico e Sertão de São Francisco) encontramos os mais diversos grupos que se completam em suas particularidades.

A sétima edição do Encontro vem para solenizar a conquista entre os 20 grupos em atividades, dos quais 15 trarão para as ruas de Saubara em um momento ímpar todo encanto e valor cultural dessa manifestação.  Em outras 27 localidades foi identificado que já existiu essa manifestação cultural, a consciência é de que não foi possível chegar em todos os lugares, e que possivelmente outros grupos possam existir e estarem em plena atividade, a intenção é aumentar os dados a partir de novos contatos. Para os membros dos grupos receber o título de Patrimônio Imaterial da Bahia é um marco histórico que vislumbra outros horizontes levados pelos nossos saberes e fazeres.

As Marujadas, Cheganças e Embaixadas da Bahia celebram a conquista do Reconhecimento pelo título sob o Decreto nº 18.905 de 11 de fevereiro de 2019 que averba no Livro de Registro Especial de Expressões Lúdicas e Artísticas as Cheganças, Marujadas e Embaixadas do Estado da Bahia, como Patrimônio Imaterial da Bahia.

“ Importante salientar a participação do IPAC em todo processo, um parceria que proporcionou uma tomada de consciência maior entre nós dos grupos. A Patrimonialização de uma manifestação cultural revela o caráter social existente entre os mais diversos atores. Seguiremos cada vez mais buscando entender o que é ser um bem registrado e cada dia estaremos mais próximos”.                                              

                                                                                                     Rosildo do Rosário

PROGRAMAÇÃO

Dia 02 de agosto de 2019

18h – Reunião da Rede de Cheganças, com representantes dos grupos de cheganças da Bahia e comunidade em geral. Local Sede da Chegança Fragata Brasileira.

19h – Exibição do documentário sobre o inventário dos grupos de Cheganças, Marujadas e Embaixadas da Bahia.

Dia 03 de agosto de 2019.

 Local: Galeria Saúva

9h – Reunião entre as lideranças das Cheganças e representantes do Estado.

Mesa 1 – O que é a Patrimonialização e para que serve.

15h – Desfile dos grupos Saindo da rua da rocinha

17h – Apresentação dos grupos no espaço municipal de evento.

Dia 04 de agosto de 2019

11h – Apresentação do Grupo Chegança Fragata Brasileira na Missa de São Domingos.

Local: Igreja Matriz e ruas da cidade

Serviço:

O que?

Encontro de Cheganças, Marujadas e Embaixadas da Bahia.

Quando?

Dias 2, 3 e 4 de agosto de 2019

Onde?

 Saubara – Bahia

Onde está nossa arma?

Por Zinoel Fontes

Hoje o dia nasceu escuro em nossa terra, pois a alegria da nossa Cultura de Vida Social está sendo transformada em um sentimento de impotência ante a barbárie que nos ronda.

Todas as perguntas que pensamos nos remetem à tristeza e a dor. Posso dizer que: quem nas próximas semanas irá se atrever a cantar um samba de Raízes de Saubara e não ficar triste com a falta de resposta na Vortinha da outra Parea? E se esse Samba for um Arma na Hora que nos faz sentir a emoção de ver todos os elementos bem afinados? No canto, no pandeiro, no corpo e nos pés bem miudinho?

Ainda tem os que apreciam a Fragata, os que se sentiam órfãos por saberem que nosso Marujo escolheu viver em meio ao Rio das Pratas e assim participar apenas no 04 de agosto em Saubara. Agora se sentem órfãos de pai e mãe.

Acho que por isso não seria apropriado a Farda da Fragata. Visto que nas próximas apresentações a dor seria maior.

Como superar isso? Poderia dizer várias formas, porém no final iria reconhecer que não se supera dores PROFUNDAS. Esse tipo de dor aprendemos a conviver.

Pois sempre iremos lembrar das voltinhas que o mundo dará em nós quando a violência nos deixar uma cadeira vazia, um pandeiro mudo, um lugar vago no ‘cordao’…

Isso significa que não há esperança?
Não.

Significa que somos filhos das águas e como tais sempre iremos tomar um novo fôlego antes do próximo mergulho… sempre iremos nos revezar no remo… sempre iremos mudar a posição das velas quando o vento inverter a direção…

Pois nossa arma é outra…
Nossa arma produz sorrisos que brotam do coração dos amantes da vida… Nossa arma contagia o outro no ato da umbigada… Ela nos reconecta aos nossos antepassados quando entendemos que a nossa vida tem que ser a continuação do trabalho deles e percebemos que não podemos fazer menos do que eles fizeram…

Onde está nossa arma?
Na FORÇA da RESISTÊNCIA, pois nos faz desenvolver estratégias de sobrevivência e efetuar conquistas com as PALAVRAS CANTADAS em nossas Manifestações de Cultura da Vida.

Exatamente há um mês VORTINHA se tornou IMATERIAL e há um dia ele virou IMORTAL.

Venha para a maior festa de Cheganças da Bahia

O VI Encontro de Cheganças da Bahia acontece no município de Saubara nos dias 4 e 5 de agosto de 2018. Estarão se apresentando pelas ruas de Saubara 13 grupos de Cheganças e Marujadas da Bahia. É uma oportunidade de conhecer e valorizar as “Cheganças”, como bem cultural baiano.

Esse encontro é uma grande celebração cultural que coloca em cena uma importante amostra dessa manifestação popular bicentenária, que ganhou diferentes expressividades nos diversos territórios de identidade baianos.

Além da apresentação pública dos grupos, o Encontro de Chegança da Bahia é um importante espaço de diálogo entre os agentes fazedores de cultura e os promotores, principalmente o estado. Cada agente envolvido compreende melhor o seu papel no movimento político cultural, fortalecendo as identidades dos grupos populares.

Estarão presentes 13 grupos das cidades de Arembepe, Saubara, Taperoá, Cairu, Andaraí, Lençóis, Remanso, Paratinga, Curaçá e Jacobina e ainda representantes dos grupos das cidades Caravelas, Mangal, Alcobaça, Barra, Subaúma e Prado.

O VI Encontro de Cheganças da Bahia é uma realização da Associação Chegança dos Marujos Fragata Brasileira, em parceria com as prefeituras municipais dos grupos envolvidos.

 

PROGRAMAÇÃO

04 de agosto de 2018 (sábado)

4 horas, na ‘madrugada’
Bando anunciador e Alvorada
Pelas ruas da cidade

8h – Recepção às lideranças dos grupos visitantes
Café da manhã
Local: Sede da Chegança Fragata Brasileira

11h – Apresentação do Grupo Chegança Fragata Brasileira na Missa de São Domingos.
Local: Igreja Matriz – Paróquia de São Domingos de Gusmão

18h – Reunião da Rede de Cheganças, com representantes dos grupos de cheganças da Bahia e comunidade em geral.
Local: Sede da Chegança Fragata Brasileira

Dia 05 de agosto de 2018 (domingo)

9h – Mesa: Vamos remando que é para vencer!
Reunião entre as lideranças das Cheganças e representantes do Estado
Local: Galeria Saúva

15h – Desfile dos grupos
Local de saída: Rua do Lavador

17h – Apresentação dos grupos na Rua da Amendoeira
19h – Encerramento

O Projeto

É especial para a Associação Chegança dos Marujos Fragata Brasileira comemorar seus 40 anos de atividades, realizando em Saubara esse VI Encontro de Cheganças da Bahia. Comemora oferecendo à sua cidade o grande espetáculo que é ir às ruas para saudar São Domingos de Gusmão no dia 4 de agosto – sua data de tradição – junto com outros 13 grupos cheganceiros que estendem a festa até o dia seguinte.

Em sua incansável busca por ocupar o lugar merecido no cenário das manifestações populares na Bahia é que as Cheganças chegam a Saubara para a sexta edição do seu Encontro anual.  Esses grupos apresentam diferentes características nas diversas comunidades em que aparecem. Todos trazem memórias de acontecimentos de grande importância para a construção das narrativas históricas do nosso estado. Alguns contam histórias referenciadas nas lutas medievais entre Mouros e Cristãos, outros encenam passagens das guerras de independência da Bahia e louvam os santos católicos.

Com programação aberta a todos os interessados, o VI Encontro de Cheganças da Bahia visa o fortalecimento e envolvimento das comunidades   do   Recôncavo   Baiano   e   afirma-se como momento relevante de trocas de saberes e registro da memória da cultura popular. O público da Bahia e do Brasil tem, neste evento, a oportunidade de compreender, conhecer e valorizar as “Cheganças, marujadas e Embaixadas” como bem cultural que tão bem representa a história da Bahia.

Por isso é que cabe festejar outra grande conquista neste ano de êxitos que é a realização do Dossiê Etno Histórico das Cheganças e Marujadas da Bahia, último passo para a inscrição definitiva dessa manifestação no Livro de Registro Especial das Expressões Lúdicas e Artísticas do Estado da Bahia.

Com muita honra a Associação Fragata Brasileira apresenta os convidados para a sua festa de 40 anos, os membros da Rede de Cheganças e Marujadas, os grupos de ‘marujeiros’ e ‘cheganceiros’ que há séculos imprimem sua marca nos desenhos identitários do estado da Bahia.

Saubara

Chegança dos Marujos Fragata Brasileira

… vamos companheiros, vamos lá chegar, leva essa bandeira lá em Pirajá…

A Fragata Brasileira conta a história de um grupo de marinheiros que participam das lutas pela independência, protegendo a Baia de Todos os Santos contra invasores. Referências trazidas nas músicas evidenciam forte relação com a história da independência oficialmente contada.

Os cânticos e a movimentação cênica embalam o público em sentimentos como a saudade da mulher amada por conta da partida para o mar; força e esperança para enfrentar o inimigo; êxito e gratidão pelas vitórias e o retorno ao lar e à terra amada. O ritmo das marchas é dado pelos pandeiros, confeccionados artesanalmente em Saubara e tocados por todos os marujos do ‘cordão’.

Após conquistar a vitória, é feita uma reverência na igreja como agradecimento a São Domingos de Gusmão, que é o padroeiro da cidade. (…) Chegamos amigos, chegamos, com gosto e contentamento, vamos fazer reverência, ao Divino Sacramento (…) diz a canção que evidencia importante relação com a religiosidade.

É um grupo composto por homens adultos e algumas crianças. Como na maioria das Marujadas, suas vestimentas imitam o fardamento da marinha. É divertido quando encenam desentendimentos entre os marujos e seus superiores, as chamadas ‘rezingas’ ou reclamações.

Os oficiais, além das vestimentas diferenciadas, usam espadas que saem da bainha uma única vez, no momento do combate, quando executam uma coreografia – o bailado. Esse é um ponto alto da apresentação.

Chegança de Mouros Barca Nova

Esta Chegança apresenta uma disputa entre mouros e cristãos (os marujos portugueses) há mais de 100 anos, em Saubara. Parte da apresentação é cantada, ao ritmo dos pandeiros, com trechos falados, lembrando um teatro de rua. Além dos marinheiros e dos representantes da ‘corte vermelha’ os infiéis, não batizados, esse grupo apresenta uma curiosidade entre seus personagens que é a presença de um oficial do exército, convocado para enfrentar o filho do imperador turco num duelo de espadas. Estão presentes os cânticos de saudade e de louvor a São Domingos de Gusmão.

Chegança Feminina Barca Nova

Este grupo reinventou a tradição das Cheganças em Saubara que até então só permitia a participação de homens. Mulheres de diversas idades mostram um belo exemplar deste ‘teatro embarcado’ em que as disputas entre mouros (a corte da Mauritânia) e os cristãos (marujas portuguesas) é narrada por um destacado coro de vozes femininas. Com exceção das oficiais de alta patente, que levam espadas e usam fardamento diferenciado, todas as demais usam roupas de marinheiras e tocam pandeiros. Elas posicionam-se em duas filas paralelas, o chamado cordão, que formam o contorno de um barco e saem às ruas de Saubara no dia 4 de agosto, quando participam da festa do padroeiro da cidade, São Domingos de Gusmão.

Camaçari

Chegança de Mouros de Arembepe

Na Chegança de Mouros de Arembepe, os personagens, tripulantes da marinha com diferentes patentes, contam parte da história vivida na época da invasão portuguesa, das guerras de religião e das grandes embarcações piratas. Esses, representando os cristãos, lutam contra os Mouros dentro de uma embarcação em alto mar, utilizando a música e a dança – ao som dos pandeiros – como recursos artísticos. O grupo, formado por homens, está em atividade há mais de 60 anos e não tem uma data fixa de apresentação. Participa da festa do Padroeiro São Francisco de Assis, dia 4 de outubro e de outras festas na cidade.

Chegança Feminina de Arembepe

Fundada em 2002 a Chegança Feminina de Arembepe é uma das únicas duas na Bahia, formadas exclusivamente por mulheres. Foi criada por iniciativa de um grupo da terceira idade. As marinheiras encenam a chegada dos portugueses no Brasil. Nas tentativas de vinda de Portugal para o Brasil um barco ficou à deriva. Houve uma batalha entre os portugueses e os turcos, daí os portugueses venceram a batalha e chegando ao Brasil foram comemorar. Junto com o coro de vozes, tocam pandeiros e cantam músicas que narram esta trajetória num bailado que imita o balanço do mar.

Cairu

A Chegança de Cairu, formada por homens adultos e crianças, atua entre os dias 26 de dezembro e 6 de janeiro, quando a pequena Cairu está sob o comando do Reinado de São Benedito. Participa dos festejos para o Santo e em suas evoluções pelas ruas, sem uma estrutura dramática definida, apresenta danças e cânticos que remetem às grandes navegações portuguesas. Destaca-se a sonoridade dada pela presença de duas cornetas de plástico que o mestre e o contramestre sopram, seguindo o ritmo dos pandeiros, tocados por todos os demais integrantes.

Jacobina

O tilintar das castanholas e a melodiosa viola, somados aos pandeiros, conferem uma sonoridade peculiar à encenação da Marujada de Jacobina. São homens que se caracterizam como marinheiros de diversas patentes e narram suas aventuras de sobrevivência nas travessias marítimas. Louvam São Benedito a quem está relacionada toda a sua simbologia de origem, pois era o Santo devotado pelos negros às escondidas dos coronéis da mineração. A segunda-feira após o domingo de pentecostes, dia dedicado a esse Santo, é a principal data da sua apresentação.

Lençóis

A Marujada Barcas em Rios tem sua origem ligada aos movimentos do garimpo na região. O grupo que se apresenta na festa do Padroeiro Senhor Bom Jesus dos Passos recebeu influências da Marujada de Andaraí e logo ganhou corpo e contornos particulares de Lençóis. Sua forma de atuação comunitária vislumbra a inserção na sociedade. É o espaço do lazer, da articulação com a Igreja e da diversão. Depois de um período inativa, retomou seus ensaios em 2015 e é composta em sua maioria por crianças e adolescentes, meninas e meninos. O entusiasmo dos pequenos marinheiros é visível no vigor com que dançam sem perder o ritmo da batida da caixa e dos pandeiros.

Remanso (Lençóis)

A Marujada Quilombo Remanso conta a história da chegada dos portugueses no Brasil. É uma representação teatralizada com homens e mulheres vestidos de marinheiros e oficiais. Eles tocam um tamborzinho artesanal – a caixa, pandeiros e levam um pequeno pedaço de madeira. O atual Mestre, Aurino Pereira, era o ração, única criança do grupo, quando João Pereira, sob influência do primo Manezinho do Remanso, foi aprender a fazer marujada com o mestre Ceciliano, de Lençóis, em torno de 1949. Desde então, o grupo se apresenta em festas e eventos populares nas cidades.

Taperoá

A Chegança de Taperoá apresenta a saga do mouro argelino numa disputa religiosa em que a vitória dos cristãos é simbolizada pelo batismo do mesmo em nome do senhor Jesus Cristo. Ele ressuscita depois de morto por aceitar a lei e a fé crista. São os marinheiros que contam a história, um grande enredo, cantado e falado, com estrutura dramática bem definida. É como se estivessem embarcados, em alto mar. Os pandeiros e o apito do mestre são utilizados para marcar o ritmo, seguido de um pujante coro de vozes.

Andaraí

A Marujada de Andaraí foi criada em menção à Escola de Sagres e às conquistas de Portugal. A apresentação tradicional do grupo ocorre durante a Festa do Divino, quando acompanha o cortejo religioso com seus cânticos de mar e de guerra. Os marujos desenvolvem também coreografias ao que chamam Chegança de Marujos. A dança é representada por um grupo de homens vestidos de branco e azul, que saem como marujos, general e capitão. Desfilam pela cidade, cantando e dançando músicas relacionadas ao mar e às batalhas portuguesas. Além do coro de vozes, sua sonoridade é dada apenas pelos pandeiros.

Curaçá

A Marujada de Curaçá apresenta-se no dia 31 de dezembro, em louvor a São Benedito. O front do cortejo é composto pela pessoa que toca a viola –  atualmente uma mulher – e pelos mestres que tocam pandeiro e iniciam as cantigas. Seja pela ancestralidade, pela herança da família, seja pelo pagamento de uma promessa ou simplesmente por gostar da Marujada, aproximadamente 200 pessoas participam da brincadeira. São mulheres, homens, adolescentes, crianças e alguns idosos que se vestem como marujos e carregam seus pandeiros para abrilhantar o cortejo. As roupas brancas ganham contornos vermelhos e detalhes com laços de fita amarrados em várias partes da camisa, enquanto os chapéus são enfeitados com papel crepom e fitas rigor. São adereços que acrescentam um especial colorido a esse grupo.

Paratinga

Eu sou amante guerreiro amante guerreiro, amante guerreiro, combato para vencer, combato para vencer / Eu entrego o meu peito bala o meu peito a bala pela Marinha eu vou morrer.

Na Marujada do Divino Espírito Santo, ​desde 1919, os marinheiros representam histórias variadas das grandes navegações do​s séculos​ XV, XVI ​e XVII​, a chegada dos Portugueses no Brasil, relatos de naufrágios, danças e dramas, combates entre oficiais dentro da embarcação. ​O momento ritualístico da Chegança em Paratinga acontece durante a Festa do Divino Espírito Santo, em junho. Antigos mestres contam que nesse dia, marinheiros que estavam ​à​ deriva em alto-mar chegaram em terra firme. Até hoje, o grupo encena essa “chegança”, levando “seu barco” composto por homens e mulheres pelas ruas da cidade.

Viva, viva, viva o espírito santo que nos trouxe em salva terra embrulhado no seu manto / Todos com prazer em terra saltamos com o favor Espirito Santo nós aqui chegamos / Nós aqui chegamos nesta terra boa e daqui nós não saímos nós viemos de Lisboa.

Com cantos, danças, ao som dos pandeiros e “facões” (simbolizando as espadas) apresentam uma enorme diversidade de cânticos em cenas coreografadas.

 

 

 

 

 

 

Jacobina sediou a 2ª reunião da Rede das Cheganças e Marujadas da Bahia

No dia 21 de maio de 2018, junto com o II Encontro de Cheganças de Jacobina, aconteceu a 2ª reunião da Rede das Cheganças e Marujadas da Bahia. Para a reunião da Rede, estiveram presentes lideranças dos grupos das cidades de Alcobaça, Camaçari, Curaçá, Jacobina, Lençóis, Taperoá e Saubara.

A conclusão da etapa de mobilização da Rede está prevista para agosto de 2018, em Saubara, Ba quando será realizado o VI Encontro de Cheganças da Bahia e a Reunião de Ampliação da Rede de Marujadas, resultado dessas ações.

A Marujada de Jacobina sai às ruas nessa data, em comemoração a São Benedito. Esse ano, o cortejo em louvor ao Santo ganhou um colorido especial com a presença dos grupos visitantes.

O projeto Rede de Cheganças e Marujadas da Bahia conta com o Apoio Financeiro do Programa Cultura Viva, Secretaria de Cidadania e Diversidade Cultural, Ministério da Cultura e Governo Federal, por meio do Edital Cultura de Redes – Fomento a Rede Culturais do Brasil – Categoria Nacional/Regional/2015. É realizado pela Associação Chegança dos Marujos Fragata Brasileira.

As ações previstas são contato com as lideranças dos grupos de Cheganças e Marujadas, mobilização das comunidades participantes da Rede, realização de reuniões com os grupos e reunião de ampliação. São realizados o registro fotográfico e coleta de depoimentos para documentar o histórico desses grupos. Para o fortalecimento e sustentabilidade dessa Rede, os grupos definiram como estratégia se auto declararem Pontos de Cultura dentro da política da Lei Cultura Viva e ampliar a Rede através da mobilização e articulação de novos grupos.

PATRIMÔNIO IMATERIAL/DOSSIÊ: na ocasião, esteve presente em Jacobina a equipe responsável pela produção do Dossiê das Cheganças, requisito para o registro definitivo das Cheganças e Marujadas como patrimônio Imaterial da Bahia, efetivado pela inscrição das Cheganças no Livro de Registro Especial das Expressões Lúdicas e Artísticas.

As equipes do Dossiê/Documentário e da Rede já passaram pelas cidades de Taperoá, Arembepe, Lençóis, Andaraí, Remanso, Mangal, Paratinga, Bom Jesus da Lapa, Saubara, Caravelas, Prado, Alcobaça, Curaçá e Jacobina, devendo chegar a Cairu no começo de junho. Ao todo serão coletadas informações de 20 grupos em 15 comunidades.

HISTÓRICO – a Rede das Marujadas e Cheganças foi formada em 2013 a partir da realização do I Encontro de Cheganças da Bahia, na cidade de Saubara. Na ocasião houve participação dos grupos de Saubara, Jacobina, Cairu, Camaçari e Taperoá. O sucesso do Encontro possibilitou a participação de mais grupos, fortalecendo o movimento cultural dessa manifestação.

Em 2018, a Rede das Marujadas e Cheganças assumiu o objetivo de fortalecimento e ampliação com visita a 13 (treze) grupos de oito comunidades envolvidas (Andaraí, Caravelas, Remanso, Jacobina, Cairu, Taperoá, Camaçari e Saubara), acompanhando o calendário de atividades dos seus grupos. Durante o processo de mobilização a meta foi ampliada pela dinâmica da própria Rede que permitiu identificar novos grupos em atividade. Ao todo serão coletadas informações de 20 grupos em 15 comunidades.